Quando o amor justifica o abuso

  • 23/07/2025
(Foto: Reprodução)
“Meu companheiro é um homem bom. Tá certo que, às vezes ele se descontrola. Mas quem nunca se descontrola, né? Além do mais nesse mundo tão estressante.... E o trabalho o deixa muito estressado! Outro dia, ele chegou nervoso em casa. Eu tinha me atrasado no serviço e pedi ajuda para fazer o jantar. Pronto! Ele explodiu - descontou a raiva em mim me empurrando e gritando. Fiquei assustada! Mas, no dia seguinte, me pediu desculpas e disse que eu era maravilhosa. Tá certo que essa não foi a primeira vez que ele agiu assim. Mas ele jura que está tentando mudar. E eu também, pois, segundo ele, não colaboro, porque não entendo como o trabalho dele é estressante. Mas ele é um homem bom. Sei que ele não fez por querer. É só uma fase. Vai passar.” Infelizmente, o relato acima – fictício - é mais comum do que imaginamos. É difícil para muitas mulheres enxergarem que estão em um relacionamento abusivo. Isso acontece porque, no começo, os abusos não parecem tão claros, até tornarem-se frequentes. E, mesmo assim, quando tudo fica evidente, acabam minimizando o comportamento daquele que chamam de “o amor da sua vida”, pois, devido à vulnerabilidade emocional, sentem-se responsáveis e, portanto, acabam acreditando que “é culpa delas” - o que contribui para a manutenção do ciclo de violência que, com o tempo, acaba sendo naturalizado. Não é só uma arma ou a agressão física que uma pessoa usa para manifestar seu ódio. Pelo contrário, a violência pode ser sutil, e, muitas vezes, silenciosa - através de agressões verbais, humilhações, isolamento social, controle financeiro, manipulações emocionais, dominação e ameaças veladas. As consequências de um relacionamento abusivo ultrapassam o momento das agressões. Os impactos são devastadores para a saúde mental, pois, além de minarem a autoestima, podem levar a quadros de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Para piorar, esses sintomas tendem a se agravar quando a vítima busca ajuda, e nem sempre encontra apoio. A negação da família diante dos fatos é justificada por diversos fatores - desde a ideia de que “em briga de casal ninguém deve se meter” até a culpabilização da vítima, acusando-a de ter provocado a situação ou que está exagerando. Por incrível que pareça, muitas vezes é difícil para a família admitir que aquela pessoa tão próxima- como o genro ou cunhado- seja, na verdade, um agressor. Afinal, socialmente, muitos deles se mostram gentis e amáveis. Então, negar a realidade parece mais fácil do que encarar o problema de frente. Mas não dá pra fingir que está tudo bem. É preciso reconhecer que a violência doméstica é mais comum do que imaginamos. Mesmo com tantos avanços e direitos conquistados, as mulheres, ainda enfrentam uma cultura machista que, nem sempre, se manifesta de forma explicita. Olhar com atenção para este tema e reconhecer os sinais possibilita romper ciclos de abuso que, em muitos casos, culminam em morte. Acolher a vítima, ouvi-la sem julgar e apoiá-la cria condições para que ela retome sua autoconfiança, autonomia e dignidade. Empatia – aqui - é a palavra-chave. O primeiro passo para mudar histórias, como a descrita no início - para melhor. Crédítos: Joselene L. Alvim- psicóloga

FONTE: https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/blog/psicoblog/post/2025/07/23/quando-o-amor-justifica-o-abuso.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Anunciantes